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Criado em 13/06/2023 (editado em 26/07/2024)
A agricultura é, das atividades econômicas, aquela que mais sofre a influência das condições climáticas. Os elementos meteorológicos afetam não só os processos metabólicos das plantas, diretamente relacionados à produção vegetal, como também as mais diversas atividades no campo (SENTELHAS e MONTEIRO, 2009).
A diversidade climática se destaca como principal fator determinante da distribuição de espécies vegetais e biomas naturais no globo terrestre. Assim, a adaptação e o desempenho das espécies e ecossistemas, naturais ou cultivados, têm estreita relação com o clima e suas variações, no tempo e no espaço. Somado a isso, as condições climáticas adversas são as principais limitações da produção vegetal e agropecuária, em geral (BERGAMASCHI e BERGONCI, 2017).
O conhecimento das relações entre as condições físicas do ambiente, em especial, solo e atmosfera, e as diversas espécies cultivadas permite a obtenção de informações mais precisas acerca da influência do tempo e do clima no crescimento, no desenvolvimento e na produtividade das culturas (SENTELHAS e MONTEIRO, 2009).
Da mesma forma, produzir com sustentabilidade, em biomas tropicais, exige grande esforço e conhecimento interdisciplinar, a começar pelas fortes interações entre os próprios elementos do clima. Na área agrícola, isso se aplica aos zoneamentos e calendários de cultivos, monitoramento e estimativa de safras, avaliação de impactos da variabilidade e das mudanças climáticas, além de uma vasta demanda de novas tecnologias voltadas ao manejo sustentável de sistemas naturais e produtivos. Isso implica integrar diversas áreas, cada qual com suas competências, para dar suporte ao uso adequado de práticas como a irrigação, ao uso de cultivos protegidos e alternativas técnicas voltadas ao manejo sustentável do solo e dos cultivos (BERGAMASCHI e BERGONCI, 2017).
De modo geral, as principais variáveis meteorológicas que afetam o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade das culturas são chuva, temperatura do ar e radiação solar (HOOGENBOOM, 2000), havendo ainda a influência do fotoperíodo, da umidade do ar e do solo, da velocidade e da direção do vento (PEREIRA et al., 2002; MAVI E TUPPER, 2004).
Nesse contexto, a agrometeorologia, ciência interdisciplinar que estuda a influência do tempo e do clima na produção de alimentos, fibras e energia, assume papel estratégico no entendimento e na solução dos problemas enfrentados pela agricultura (MAVI e TUPPER, 2004). Desta forma, assim como para o zoneamento agroclimático, as informações agrometeorológicas assumem também papel importante no planejamento da agricultura irrigada (PEREIRA et al., 2002).
Além do planejamento da agricultura irrigada, as condições meteorológicas interferem no dimensionamento dos sistemas de irrigação, assim como no manejo de água, já que as variáveis meteorológicas, juntamente com as características da cultura e do solo, definem a demanda hídrica das culturas (evapotranspiração) e os níveis de déficit hídrico a que essas ficam sujeitas ao longo do ciclo. Assim, o conhecimento das características climáticas da região, especialmente sua variabilidade sazonal e interanual, é fundamental para o gerenciamento racional dos recursos hídricos de uma propriedade agrícola, desde o planejamento eficiente de projetos até o manejo da irrigação (SENTELHAS, 2022).
Os dados climáticos informam qual o suprimento de água da chuva para as plantas e qual a evapotranspiração potencial de uma região. Cada cultura necessita de uma quantidade de água e em cada fase de desenvolvimento da mesma cultura essa quantidade varia. Essa informação é agregada para se calcular a evapotranspiração real da cultura, ou seja, o suprimento hídrico necessário para seus processos fisiológicos naquele clima local. O clima e a cultura, em conjunto com informações sobre o solo, auxiliam na estimativa da disponibilidade de água no solo e da precipitação efetiva (água da chuva que a planta consegue efetivamente aproveitar). A irrigação visa suplementar o que a planta necessita, ou seja, complementa o que é fornecido pelas demais fontes (solo e chuva) (ANA, 2021).
Outro aspecto relevante quando se trata da das relações clima e produção agrícola, diz respeito a intensificação da variabilidade climática, com implicações no ciclo hidrológico, e tem trazido grande preocupação para o setor agropecuário brasileiro (RODRIGUES et al, 2022). Qualquer variação das condições meteorológicas, seja de curto, médio ou longo prazo, irão impactar os sistemas irrigados, seja pela maior demanda hídrica das culturas, exigindo a aplicação de maiores lâminas de água, ou pela limitação dos recursos hídricos regionais, dificultando a captação de água para a irrigação. Nesse contexto, as mudanças climáticas projetadas para o futuro deverão impactar sobremaneira a agricultura de sequeiro e irrigada (SENTELHAS, 2022). O papel da agricultura irrigada é contribuir para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas produtivos aos períodos de seca e os riscos de perda de safra por questões hídricas. A irrigação funciona como um seguro contra os períodos de incerteza hídrica, cada vez mais comuns. Na questão das mudanças climáticas, com potenciais impactos na temperatura e no regime de chuvas, a irrigação se apresenta como uma das principais tecnologias de adaptação, contribuindo para reduzir as incertezas do clima e trazendo estabilidade à produção – mas, sobretudo, contribuindo para o acúmulo de carbono no solo por meio da possibilidade de exploração de mais de um cultivo anual, adicionando resíduos de matéria orgânica ao solo, o que poderia contribuir para a mitigação das mudanças climáticas (RODRIGUES et al, 2022).
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